domingo, 24 de abril de 2011
quarta-feira, 20 de abril de 2011
Capítulo 9 – Something Changed – Os dois lados da moeda
Bella PDV.
Fogo... Estava sendo consumida pelas chamas... E, inevitavelmente queria ser invadida até meu ser se tornar inexistente. Até não restar mais nada de mim... Era como fogo em palha, se espalhando por todo meu corpo. Um calor que se expandia dentro de mim em ondas e a sensação do corpo que estava por cima do meu, era ainda mais ardente... Eu sempre mentiria. As únicas palavras que sairiam de minha boca eram as de que eu não me importava. Mas eu não poderia mais negar o inevitável... A verdade era muito simples, pelo menos para quem estava de fora... Eu sentia um desejo incontrolável por Edward Cullen. Um desejo que beirava a loucura. A insanidade. Era algo mais forte que eu. Ia além de toda a razão. De toda lógica. Era uma vontade insaciável. Eu o queria como uma louca. Uma faminta. E isso me assustava. Essa recém descoberta me atormentava, porque apesar de ler e presenciar tantas demonstrações de algo tão poderoso, eu nunca havia vivido aquilo. Nunca havia sentindo em minha própria carne. O fogo que queimava, sem machucar. Eu era totalmente inexperiente, mas meu corpo agia sozinho... Como se soubesse o que fazer. Como se fosse guiado por algo que não fosse minha consciência. Como se naquele momento quem estivesse no comando fosse... meu coração, que galopava dentro do meu peito.
Eu estava furiosa a principio. Queria, literalmente, matá-lo. A cada soco, minha raiva só aumentava. Mas no fundo algo crescia, porque estava começando a tomar consciência de que estava tocando-o. Então senti sua boca na minha. E a raiva, a mágoa, se estilhaçou em milhares de fragmentos. Minhas mãos já não estavam mais tentando ferir, estavam em seus cabelos sedosos. Porque em suas mãos eu não pertencia a mim mesma. Eu era dele. Edward me abraçava com força, e meu único desejo era que o fizesse com mais força ainda, para que nenhum espaço existisse entre nós. Arranhei de leve sua nuca fazendo-o gemer. E aquele pequeno som rouco junto de minha boca, me vez delirar ainda mais. Provando-me que as sensações poderiam ser mais fortes do que já eram. Eu nunca havia ouvido um homem gemer de prazer. Tremi ao constatar que aquilo era por mim. Uma de suas mãos estava em minha cintura e a outra segurava firmemente meus cabelos. E os tremores e ondas de prazer passavam de um corpo para o outro que estavam colados. Abri minha boca permitindo que o beijo fosse aprofundado e ganhasse um ritmo mais sensual, mais afoito. Nossas línguas se acariciavam, explorando a boca um do outro. Sentindo o gosto. Seu sabor de menta me entorpecia. Havia respeito. Devoção. Saudade. Como se fizesse séculos que nossos lábios não se unissem e se desfrutassem. Senti-o mordendo meu lábio inferior e no momento seguinte estávamos no sofá. Eu sentia seu corpo sobre o meu e por instinto minhas pernas enlaçaram sua cintura. Podia sentir o roçar de nossos corpos e um certo volume... Mas eu realmente não me importava. Porque apesar de ser algo que eu nunca havia feito, aquilo para mim não parecia errado. Parecia o certo. O inevitável. Tinha que acontecer. Eu estava disposta a ceder... Porque era o eu queria do fundo do meu ser. Da minha alma. Ele beijou meu pescoço, mordendo de leve logo em seguida.
- Edward... – Gemi seu nome, puxando seus cabelos e arranhando a pele de seus braços fortes. Nossas respirações saiam ofegantes. Senti sua mão que estava em minha cintura subir por minha barriga por debaixo da blusa que estava usando. Naquele momento eu não estava temerosa. Sentia-me segura. Protegida. Seus olhos brilhavam em paixão, embriagando-me, devorando-me. E nada mais importava. Somente eu e ele. Porque era só ele que eu queria. Edward. Porque eu não sentiria aquilo com mais ninguém. Aquilo era um fato certo dentro de mim. Eu não sabia o porquê, apenas sabia. Recebi seus lábios de encontro aos meus de bom grado e impulsivamente minhas mãos começaram a tirar sua camiseta, enquanto minhas unhas arranham sua pele sentindo seus músculos, fazendo-o gemer novamente...
- MAS QUE PORRA É ESSA AQUI? – Ouvimos alguém gritar. Faltava-me ar. Edward ainda estava sobre mim. E alguém estava nos observando... Talvez mais de uma pessoa. Havíamos sido pegos no flagra e eu só queria gritar de frustração! Deveríamos ter trancado a porta... Minha mente demorou bem menos de um segundo para processar todas estas idéias e desejos porque no segundo seguinte, minha consciência e razão voltaram em um estalo, como se eu fosse puxada muito rápido de uma grande profundidade até a superfície. Reunindo uma grande força empurrei o Cullen de cima de mim fazendo-o cair com um baque alto no chão.
- Ai! – Gemeu. Muito rápido ambos pegamos almofadas. Eu para esconder parcialmente meu rosto desenhado e ele para cobrir... A... Engoli em seco, sentindo meu rosto queimar... Ele estava escondendo a frente de seu quadril... Mais especificamente “aquilo”.
Trocamos um breve olhar e juntos nos viramos para a porta, para ver quem tinha nos interrompido. Jake estava parado perto da porta, segurando a maçaneta com tanta força que os nós de seus dedos estavam brancos. Sua expressão facial não era nada amigável. Olhei temerosa para Edward que também me olhava com uma expressão não muito diferente. Emmett, que estava atrás de meu irmão, nós olhava malicioso, como se soubesse que aquele momento um dia iria chegar. Um silêncio perturbador pairava sobre o local e a tensão era sufocante. Jacob trocava olhares entre mim e Edward com os olhos brilhando com uma luz homicida. Realmente estava começando a temer pela vida do Cullen... Emm a esta altura exibia um sorriso radiante e contente.
- Que porra é essa? – Jake repetiu a pergunta, com um tom forçadamente controlado. Seus dentes estavam cerrados com força. Trocamos mais um olhar. O que iríamos dizer? Quer dizer... O que se diz para o seu irmão mais velho, tão forte quanto um halterofilista, que você se empolgou tanto com um beijo que foi parar no sofá com o cara em cima de você, quase tirando sua roupa e você fazendo o mesmo. E não poderia deixar escapar o pequeno detalhe que eu aparentemente odiava esse cara e que o sentimento era recíproco.
O Cullen abria e fechava a boca varias vezes, tentando achar uma resposta boa o suficiente. Ele estava vermelho de constrangimento. Ficava tão maravilhoso envergonhado. Quando ficava assim ele coçava a nuca sem jeito. Tão fofo... FOCO BELLA!
- Eu... Quer dizer... Nós... Eu e a Bella... – Começou tentado explicar, fazendo gestos nervosos com as mãos. Mas a cena foi interrompida...
- Emm? Convidei as meninas para tomar café da manhã... Só falta a Gi, a Bella, a Alice e o meu irmão chegarem. Eu liguei para eles antes de subir. – Rose chegou, sendo seguida pela Bru, a Dê e a Gra. Elas estavam distraídas, até olharem para a cena muito bizarra e totalmente constrangedora à frente. Eu sentada no sofá escondendo o rosto, Edward jogado no chão escondendo o... E o Jake com o olhar assassino.
- A Picassa já ta aqui! – Bru exclamou feliz, mas logo olhou confusa de mim para Edward.
- Gente, chegamos! Mas não encontramos a Bellinha... – Alice apareceu fazendo festa segurando a mão do Jazz. A Gi vinha atrás carregando a Nina nos braços. Eu e Edward gememos angustiados ao mesmo tempo. Agora tinham mais testemunhas para presenciar tudo. Até a gata da Gi... – A Bellinha ta aqui!
Jake não havia mexido um músculo sequer e olhava Edward como se estivesse escolhendo a melhor maneira de matá-lo. Emmett segurava uma gargalhada, já percebendo a confusão em que estávamos metidos. Todos olhavam para nós dois sem entender nada. Eu estava me sentindo como um bicho exótico enjaulado em exposição.
- O que ta acontecendo aqui? – Minha irmã finalmente verbalizou a duvida de todos ali presentes. – Jake, porque você está assim? – Meu irmão continuou em silêncio, então Lice olhou para o Cullen. – Edward? – Trocamos mais um olhar. O meu transmitia súplica. Eu estava implorando mentalmente para ele inventar alguma mentira. Tudo! Menos a verdade.
- Ele pegou a gente se beijando... – Respondeu por fim, me fazendo gemer angustiada de novo e fechei os olhos para evitar ver as reações de todos que estavam ali. Mas foi impossível bloquear os sons de exclamação e surpresa e uma risada, provavelmente do Emmett.
- BEIJANDO? VOCÊ ESTAVA QUASE COMENDO A MINHA IRMÃ CAÇULA NO SOFÁ!! – Jacob gritou, fazendo dessa vez o Cullen gemer de angustia e uma nova exclamação de surpresa coletiva atingir o pessoal. Abri meus olhos assustada. Nunca tinha visto Jake tão nervoso... Ou sério com algo.
- Não foi nada demais cara... – Edward tentou se explicar. – Foi o único jeito que eu encontrei de calar a boca dela... – Olhei brava para ele. Que absurdo! Eu nem estava gritando tanto quando ele me pegou firmemente entre seus braços fortes e me beijou daquela maneira tão enlouquecedoramente envolvente, tentadora e...
- Uau! Você pode calar minha boca quando quiser Ed... – Lancei um olhar furioso para a Bru. Tinha que ser! Quando me olhou, ela sorriu amarelo, como se me pedisse desculpas. Precisava ter uma conversinha seria com ela depois... O humor de Jacob não parecia ter se abrandado nem um pouco. Então o lorde inglês, também conhecido como Jasper se pronunciou.
- Calma gente... Vamos todos nos acalmar. Eu tenho certeza que os dois têm uma explicação plausível para tudo isso... – Falou pacificamente olhando para meu irmão e logo em seguida para mim. Uma de suas sobrancelhas se arqueou, olhei inocentemente para ele. – Porque você está escondendo o rosto? – Perguntou. Fazendo-me acreditar que uma situação sempre pode ficar pior...
De repente todos os olhos estavam cravados em mim. O episodio do beijo quase esquecido, porque até mesmo Jake olhava para a almofada em meu rosto, a raiva dando lugar, mesmo que relutantemente, a curiosidade.
- Eu? Escondendo o rosto? Como assim? – Me fiz de desentendida.
- Sim você mesma... Escondendo o rosto com esta almofada... – Jazz apontou desconfiado.
- Almofada? – Continuei me fazendo de boba.
- Sim, Isabella! Esta almofada preta em frente ao seu rosto! – Disse pausadamente ainda muito calmo. Olhei para a almofada fingindo surpresa.
- Ah! Esta almofada! Muito bonita não acha? – Perguntei começando a me sentir encurralada.
- Sim, ela é muito bonita... Mas. Por que. Ela. Está. Escondendo. Seu. Rosto? – Falou como se eu fosse surda ou retardada.
- Escondendo meu rosto? – Indaguei testando o pouco de paciência que ainda restava em meu primo.
- TIRA LOGO A PORRA DA ALMOFADA DO ROSTO! CACETE! – A Bru gritou fazendo todos sobressaltarem de susto. – Parece surda... – Abaixou o tom de voz quando todos olharam para ela. – Ela me irritou gente... – Se desculpou.
- Obrigado, Bru. – Jazz falou se voltando para mim novamente. – Bella o que você esta escondendo?
Engoli em seco e me virei para o Cullen. Ele estava olhando para mim. Nossos olhos se conectaram e por alguns segundos eu vislumbrei uma chama de arrependimento arder em seus olhos verdes. Como se ele me pedisse desculpas. Mas tão rápido como veio foi embora e em seu lugar apareceu deboche e divertimento. Lancei-lhe meu pior olhar de ódio e respirando fundo abaixei a almofada lentamente enquanto fechava meus olhos. No inicio a única coisa que podia ouvir era um silêncio mortal, mas depois a grande explosão de gargalhadas veio...
Abri meus olhos novamente. Jake e Emmett estavam sentados no chão de tanto rir. A Bru então nem se falava, estava apoiada na parede para não cair. A Gra e a Dê estavam com as mãos na boca se segurando. E minha irmã, o Jazz, a Rose e a Gi me olhavam espantados. A Gi de tão assustada largou a Nina de seus braços que caíram moles ao seu lado. As bocas deles estavam literalmente abertas.
- Ah meu Deus... – Alice e a Gi sussurram juntas.
- Cara! Você... Ta parecendo... Uma mistura de Charles Chaplin e Frida... – Bru falava entre suas risadas, fazendo meu irmão e o Emm rirem mais. Era nessas horas que se descobria quem eram seus verdadeiros amigos...
- CHEGA!! – Gritei me levantando depois de dez minutos de pura palhaçada. – Tem alguma palhaça aqui na frente?! Eu por algum acaso contei alguma piadinha?! – Vi o Jake abrir a boca para responder. – Nem um pio! – Ameacei fazendo ele se calar.
- Quem fez isso com você? – Alice perguntou ainda muito espantada.
- Não passa ninguém pela sua cabeça? – Falei com ironia olhando para o Cullen, que estava sentado no outro sofá com toda aquela sua pose de arrogante.
- Você fez isso, Edward? – Questionou.
- Eu falei que ia me vingar... – Respondeu fazendo pouco caso.
- Demais, cara! – Jake o saudou. Onde estava aquele irmão raivoso que tinha pego um cara safado tirando a inocência de sua pobre irmã caçula?! – Você é meu herói. – Olhei espantada para meu irmão e em seguida para o Cullen que sorriu torto para mim com um ar de ganhador. Ele sabia que o Jake havia se esquecido de todo o episódio do beijo. Cretino!!
- Obrigado Jake! Combinou perfeitamente com ela, não acha? – Perguntou zombeteiro piscando para mim logo em seguida sem que ninguém visse. Meu sangue ferveu e sem que eu pudesse me controlar já estava partindo para cima dele. Mas antes que eu pudesse chegar perto dele meu primo, para meu bem, me segurou. Era totalmente perigoso estar perto do Cullen...
- Fica calma, Bella... – Jazz falou enquanto mantinha os braços em minha cintura. Edward continuava sorrindo daquele jeito debochado e extremamente... Sexy! DROGA!
- Solta ela, mano. – Disse. – Ela não vai fazer nada! – Que ódio! Se aquele beijo não implicasse tantas complicações para mim, eu seria capaz de fazê-los se lembrar dele. Mas o maldito sabia que eu ficaria de boca fechada...
- Me solta! – Falei me livrando do aperto dos braços de Jasper. – Não vale a pena encostar nesse canalha! – Disse olhando bem fundo nos olhos dele, que franziu a testa com raiva. Ele sabia que eu estava me referindo ao beijo, só não sabia que eu estava mentindo... Pois sendo meu inimigo ou não, aquele tinha sido uns dos melhores beijos de toda minha vida... E os melhores eu só tinha trocado com ele... O que tornava minha vida uma grande maluquice e piada! Eu era realmente a pessoa com menos sorte do mundo!
- Vem, Bellinha... Eu vou te ajudar a tirar isso do rosto... – Minha irmã me pegou pela mão e começou a me arrastar para o banheiro. – Vão preparando o café enquanto isso...
Edward PDV.
Minha vida era uma grande merda! A garota maluca pinta seu cabelo de rosa, te humilha, te deixa louco de desejo, e quando você quer se vingar, consegue esse feito, você fica com aquele sentimento de arrependimento!
Nunca cogitei a hipótese que durante o sono ela poderia sussurrar meu nome. Tantas demonstrações de ódio e no íntimo, nos confins mais secretos de sua mente, ela parecia se lembrar de mim com carinho. E como era bonita... E simplesmente tentadora, com aquela pequena maçã vermelha tatuada na base seu pescoço. Quase uma ironia do destino... Depois de um sonho tão provocante e sedutor eu encontrar aquela tatuagem. Como se inconscientemente ela me chamasse e estivéssemos ligados por algo forte e que eu ainda não compreendia.
E aquele beijo... Tão forte e poderoso! Eu a beijava como se minha vida dependesse disso. Sentir sua pele. Seu perfume. Seu gosto. Sua entrega. Seus sussurros e gemidos. Seus olhos brilhando com paixão. E então eu sabia que talvez eu me arrependesse de ter levado suas provocações adiante.
E não estava enganado... Vê-la tão vulnerável. Diante de todas aquelas inquisições. O arrependimento bateu fundo em meu peito. Vê-la me olhando com seus olhos chocolate suplicantes, em busca de algum apoio... E eu simplesmente neguei o que ela tanto precisava. O orgulho foi mais forte e a única coisa que pude fazer foi fingir que estava gostando do fato de todos rirem dela, quando na verdade queria tê-la em meus braços pedindo perdão... Protegendo-a... Cacete! Porque eu não conseguia esquecer?! Porque a aprovação dela era tão necessária?! E o pior ainda estava por vir... Ela me odiaria muito mais... Porque não seria uma simples água e sabão que tiraria aquela tinta de sua pele tão macia... E inevitavelmente eu continuaria mentindo, fazendo pouco caso... Como se Isabella Swan não fosse nada em minha vida...
- Cara! Isso foi genial! – Jake me cumprimentou. Ele estava eufórico. Toda sua raiva havia desaparecido. Nem parecia que alguns minutos atrás ele tinha pegado a mim e sua irmã caçula em um beijo tórrido e cheio de intenções nada puras... Eu nunca havia ficado tão acesso e enlouquecedoramente excitado. E na verdade ainda não tínhamos começado a fazer nada... Mas ao que parecia, apenas o fato de ser ela, já era o bastante... – Fazia tempos que eu queria uma vingança contra a Bella! Nossa! Só você conseguiu! Genial! Genial! – Continuou falando enquanto dava tapinhas de felicitações em minhas costas. Mas aquilo em nada estava me alegrando. Só deixava a situação pior.
- Obrigado, Jake... – Agradeci de novamente sem muita vontade, vendo ele se levantar e indo todo feliz para seu quarto se trocar ainda murmurando “Genial!”. Olhei a minha volta. O resto do pessoal já estava mais calmo e já começavam a arrumar as coisas para o bendito café da manhã. Primeiro meu olhar se encontrou com os da Gi, ela não parecia nada satisfeita e me olhava com tristeza, como se estivesse desapontada comigo. Desviei rapidamente meus olhos... Minha consciência já estava me torturando demais, sem que outra pessoa também me reprovasse. Olhei para o Jazz e soube na hora, que o beijo não havia sido esquecido por todos como eu imaginava.
- O que foi aquilo que estava acontecendo antes de nós chegarmos? – Perguntou sentando-se ao meu lado.
- Nada... Foi um simples beijo... – Falei um pouco desconfortável diante daquela situação.
- Simples... E te deixou naquele estado? – Indagou incrédulo.
- Me deixa Jasper! A Bella é só uma garotinha... O beijo nem foi aquelas coisas... – Menti me levantando e indo até o balcão da cozinha arrumar alguma coisa para fazer.
Bella PDV.
- O que você e o Edward estavam fazendo no sofá? – Minha irmã perguntou de repente, enquanto limpava meu rosto. Quase cai do lugar onde estava sentada com a forma brusca com que ela falou. Apertei com força meus joelhos, onde minhas mãos repousavam enquanto ela esfregava com certa força.
- Não quero falar disso! – Falei rudemente.
- Vai falar SIM! – Passou a esponja com mais força do que devia.
- Ai! Isso doeu! – Reclamei fazendo careta.
- Fala Isabella! – Disse pegando em meu queixo e me obrigando a olhá-la. Bufei.
- Eu entrei com raiva batendo nele ele me pegou e me beijou! – Falei rápido e sem pausas. – Foi só isso... Um simples beijo... – Menti. – Ele beija super mal... Eca! – Continuei com a mentira colocando a língua para fora e fazendo careta de nojo.
- Vou fingir que acredito... Meu Deus essa tinta não sai! – Disse começando a esfregar com toda a sua força.
- Aiiiiiii! Ta ardendo, Alice! Minha pele vai ficar em carne viva! – Comecei a me afastar.
- Não sai! – Falou desesperada e ofegante pelo esforço.
- Como não sai? – Questionei me levantando e olhando minha imagem no espelho. Os lugares onde o Cullen havia pintado estavam muito vermelhos, mas tirando este fato a tinta parecia intacta. – Ai meu Deus Alice! O Que aquele cretino colocou na minha cara?! – Falei começando a me desesperar enquanto pegava um pano eu mesma e começava a passar nos desenhos. – Não sai!
- Bella, fica calma...
- Calma?! Como posso ficar calma?! Cadê ele?! Eu vou matar aquele ex-espantalho! – Sai do banheiro bufando de raiva. – QUE TINTA É ESSA QUE VOCÊ PASSOU NO MEU ROSTO, SEU IMBECIL?! – Perguntei batendo meu punho no balcão, pouco me importando para a dor que senti em meu pulso. O idiota apenas sorriu.
- É uma tinta especial...
Então ouvimos alguém ofegar. Todas as cabeças se voltaram para a Gi que estava segurando um bule de leite e olhava hipnotizada para a própria mão. Muito lentamente ela levantou seus olhos, que estavam arregalados de pavor para mim e em seguida para o Edward que sorriu brilhantemente como se ela tivesse descoberto algo importante e crucial. Olhei para o modo como o Cullen agia e senti meu sangue frio como gelo.
- Ai meu Deus! O que foi Gi?! – Perguntei alarmada.
- Edward... – Ela murmurou olhando para ele, ignorando totalmente minha pergunta. O cretino olhou para ela e balançou a cabeça como se afirmasse uma coisa que apenas eles sabiam, e quando a Gi viu a confirmação levou suas mãos ao coração abrindo sua boca em um sonoro “Oh!”.
- O que foi?! AI MEU DEUS! É ALGUMA TINTA TÓXICA?! EU VOU CONTRAIR CANCÊR DE PELE?! MINHA PELE VAI DERETER?! – Comecei a gritar desesperada.
- Cala a boca sua maluca! – Edward falou bufando e revirando os olhos. – Essa tinta não vai te fazer mal...
- Então que tinta é? – A Bru perguntou no meu lugar, começando a ficar preocupada.
- Essa tinta é usada para marcar cadáveres... – Respondeu dando de ombros totalmente indiferente enquanto tomava um gole do café que estava na xícara em sua frente.
- O QUÊ? – Todos perguntaram ao mesmo tempo. A Dê engasgou com seu suco e a Gi apenas gemeu angustiada.
- Tinta para cadáveres... – Repetiu calmo.
- Alguém me segura que eu vou dar na cara dele! – Falei sentindo uma explosão de fúria a caminho. – VOCÊ USOU UMA CANETA QUE SE USA EM CADÁVERES?!
- Sim...
- EU VOU TE MATAR! – Tentei fazer com que minhas mãos chegassem até ele, mas fui impedida pelo Emmett. – COMO VOCÊ TEVE CORAGEM DE COLOCAR NO MEU ROSTO UMA COISA QUE TOCA EM CADÁVERES?! EU POSSO PEGAR ALGUMA INFECÇÃO! VOCÊ NUNCA OUVIU FALAR EM BACTÉRIAS QUE COMEM CARNE HUMANA?! AI DEUS! EU VOU FICAR DESFIGURADA!
- Para de maluquices sua surtada! Apesar de você merecer... Eu peguei uma caneta lacrada, totalmente sem uso, para desenhar no seu rosto... – Explicou ainda muito calmo, como se estivesse comentando o clima. Respirei mais aliviada, mais não ia dar o braço a torcer.
- E SUPONHO QUE EU DEVERIA FICAR CONTENTE COM ISSO! QUANTO TEMPO ESSA DROGA VAI DEMORAR PARA SAIR DO MEU ROSTO?!
- O mesmo tempo que meu cabelo vai demorar para voltar ao normal! – Respondeu se levantando e me encarando furioso. E eu só consegui pensar em matá-lo.
- EU VOU FICAR COM BIGODE E CAVANHAQUE POR QUASE QUINZE DIAS?! AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – Comecei a me debater nos braços do Emm, querendo me soltar e bater no maldito Cullen infeliz, mas infelizmente ele era muito forte e começou a me arrastar para fora do apartamento. – ME SOLTA EMMETT! EU QUERO ACABAR COM ELE!
- Bella pensa direito! Ele é mil vezes mais forte que você! – O grandão tentava me acalmar.
- Fica calma Bella... – Rose vinha logo atrás dele.
- CALMA NADA! NÃO FOI O ROSTO DE VOCÊS QUE ELE PINTOU!
- Mas você pintou o cabelo dele! – Rose falou. – Não estou defendendo ninguém... Mas ao que parece vocês estão usando a lei do olho por olho... A única coisa que eu espero é que nenhum dos dois saia cego... Ou muito ferido... Algumas magoas não tem retorno... E muito menos perdão...
Assim que ouvi essas palavras parei de me debater. Seria certo levar tudo aquilo adiante? Estaríamos fadados a magoar um ao outro tão seriamente? O calor da raiva e do momento de repente saiu do meu corpo...
- Me deixem em paz! – Falei sentindo os braços de Emmett afrouxarem o aperto. – Isso vai ter volta! Ele vai se arrepender... – Disse indo para a geladeira pegar uma travessa de bolo de chocolate. – Não me importa o que vocês digam! – E sem olhar para trás me tranquei em meu quarto.
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Na manhã seguinte acordei com batidas irritantes na porta de meu quarto.
- Bellinhaaaaaaaaaaaaaa!! – Alice esgoelava do lado de fora. – Abre a porta! Você tem que ir para a faculdade!
Desde o dia anterior eu não havia saído dali. Totalmente trancada, apenas amaldiçoando o infeliz Cullen! E meus planos eram de continuar naquele quarto por muito tempo.
- Me deixem em paz! Eu não vou sair daqui pelos próximos quinze dias! – Disse cobrindo minha cabeça com o grosso edredom.
- Eu imaginei que você diria isso... Então trouxe o Jake para arrombar a porta... – Minha irmã falou com a voz abafada pela barreira que nos separava, mas ainda assim podia se notar um ar de superioridade no timbre de sua voz.
- Sua mentirosa! – Rebati.
- Oi maninha! – Jake saudou do outro lado. Me sentei na cama apreensiva.
- Vocês não fariam isso... – Falei com duvida.
- Ele esta tomando distância no corredor... – Alice começou a narrar.
- Saco! – Murmurei batendo os punhos fechados no colchão. – JÁ VOU ABRIR! – Gritei.
- Sua chata! – Jake falou depois de um instante. – Eu sempre quis arrombar uma porta...
- Quem sabe na próxima maninho... – Lice o consolou.
Levantei balançando a cabeça negativamente. Meu irmão era um crianção.
- Quem esta aí com você? – Perguntei parada junto da porta com a mão na maçaneta.
- Só eu e a Gi... – Respondeu.
- Bom dia, Bella... – A Gi saudou comprovando que o que minha irmã falava era verdade.
- Ok... Eu vou abrir... Mas se vocês derem risada de mim... Vão ver só! – Ameacei destrancando a porta.
- Nós nunca faríamos isso! – Alice entrou no quarto indignada, então olhou para meu rosto e soltou um suspiro triste. – Onde vocês dois vão parar...
- Com ele pedindo misericórdia! – Falei com os dentes cerrados. – Mas o que vocês duas querem comigo? Eu vou ficar aqui dentro até voltar ao normal.
- Você não pode perder todos esses dias de aula Bella... – A Gi disse colocando a mão sobre meu ombro, em um gesto de solidariedade.
- E vocês sugerem o quê? Que eu saia por ai de bigode, parecendo o Mario Bros? Não, muito obrigada! Eu já fui humilhada o suficiente!
- Ninguém falou para você sair assim... – Alice disse apontando para o meu rosto. – E por isso estamos aqui. Viemos te ajudar! – Levantou uma pequena maleta prateada que estava segurando com uma das mãos.
- O que é isso? – Indaguei temerosa.
- Vai tomar um banho e se recompor que logo você saberá. – Respondeu entusiasmada. Olhei para a Gi procurando por alguma resposta, mas esta apenas sorriu.
- Melhor você ir logo... – Me aconselhou enquanto minha irmã começava a olhar as roupas que estavam em meu closet.
Vinte minutos depois eu já estava de banho tomado, mas minha irmã não permitiu que eu saísse do banheiro.
- Pelo amor de Deus... O que você vai fazer?
- Senta ali. – Indicou a borda da banheira. Obedeci ainda um pouco preocupada. Então ela colocou a misteriosa maleta sobre a pia de mármore e a abriu revelando uma coleção de maquiagem que daria inveja a qualquer maquiador profissional. – Agora vamos esconder esses desenhos! – Falou saltitando de alegria me fazendo querer chorar por todo o carinho e cuidado que ela tinha por mim.
- Obrigada, Lice... Eu... – Tentei dizer o quanto estava agradecida, mas de repente minha voz estava presa na garganta devido à emoção.
- Não precisa dizer nada! Eu sei que você me ama! – Disse me abraçando apertado. Ainda estávamos abraçadas quando ouvimos alguém entrando no meu quarto.
- Bom dia, Frida Chaplin! Ué! Cadê a bigodom? – Tinha que ser a Bru!
- Para de falar dela assim, Bru! Você ia gostar de ser chamada assim se estivesse na mesma situação que ela?! – A Dê brigou com ela.
- Dê? – A Bru chamou.
- Que é?
- Se mata! – Falou dando risada. – Picassa, cadê você?!
- Estamos no banheiro. – A Gi respondeu olhando para fora em direção ao meu quarto. Então minha melhor amiga maluca apareceu sorridente.
- Hey, taturana! Quer dizer... Bella... – Disse sorrindo em sinal que estava brincando comigo. A Gra e a Dê ,que estavam atrás dela, apenas reviraram os olhos.
- Estava demorando não é? – Falei olhando feio para ela.
- Que mal agradecida! Eu venho aqui trazendo todas as minhas maquiagens e sou recebida assim... Amiga ingrata é o que você é!
- Para de drama! – A Dê falou. – Entrega logo essas coisas pra ela!
- Parece que tivemos a mesma idéia. A Lice e eu viemos aqui com algumas maquiagens também! – A Gi falou pegando a maleta rosa que a Bru tinha na mão.
- Que bom! Assim a Picassa pode voltar para a faculdade! – A Bru se alegrou. – Então amiga... O que você vai fazer para se vingar? – Perguntou se sentando do meu lado. Obviamente ela já estava com a câmera filmadora ligada.
- Ela não vai fazer nada para se vingar! Ela vai tentar se reconciliar com o Edward. Não é, Bella? – Alice me olhou esperançosa parando o que estava fazendo em meu rosto. Devolvi o olhar incrédula. Ela realmente tinha esperanças que o Cullen não ia sofrer com minha vingança?
- Se toca, nem! O Cullen merece sofrer depois disso! – A Bru respondeu por mim cruzando as pernas enquanto olhava suas unhas laranja fluorescentes.
- Dessa vez eu tenho que concordar com a Bru... O que ele fez... – A Dê falou balançando a cabeça em desaprovação.
- Viu só! Se até a Dê concorda comigo é porque tenho razão!
- Vamos mudar de assunto? Eu não quero saber de duas pessoas que eu amo se magoando tanto! – Minha irmã pediu visivelmente chateada enquanto voltava a maquiar meu rosto.
- Depois a gente conversa meninas... – Falei. Então o silêncio se instaurou no ambiente. Apenas sendo quebrado, sem sombras de duvida, pela Bru e sua câmera com um novo vídeo: “Bella versão Frida Chaplin sendo rebocada pela Alice.”
Algum tempo depois, do qual eu não saberia dizer, minha irmã sorriu satisfeita dando o trabalho como concluído.
- E então? Como ficou? – Perguntei para todos que estavam me olhando com expressões indecifráveis.
- Alice, minha irmã... Quem precisa de photoshop com você ao lado! To besta! – A Bru falou para minha irmã impressionada.
- Ficou bom?! – Perguntei novamente.
- Ficou perfeito, Bella! – A Gra falou sorrindo. Fui até o espelho e ao ver meu reflexo soltei o ar de pulmões que nem havia percebido que estava prendendo. Meu rosto estava perfeito. A pele totalmente lisa, sem nenhuma imperfeição. Ninguém diria que eu estava usando tanta maquiagem. Mas o melhor de tudo... Ninguém diria que um idiota havia desenhado um bigode em meu rosto!
- Eu não acredito! Sumiu! Sumiu! – Disse começando a pular pelo banheiro sendo seguida pelas outras meninas. Parecíamos um bando de malucas, mas eu nem estava ligando...
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Eu estava consideravelmente mais alegre, pensando nas inúmeras possibilidades de vingança que eu poderia bolar contra o Cullen. Todos já haviam ido para as suas aulas e como sempre eu havia ficado para trás porque tinha muita coisa para organizar. Já no corredor do lado de fora do apartamento eu lutava entre equilibrar meu material e fechar a porta, então ouvi um baque atrás de mim. Me virei assustada e ao olhar para a pessoas a minha frente todas as minhas coisas foram chão. DROGA! Por que eu sempre estava encontrando ele naquele maldito corredor?! Edward Cullen era um ex-espantalho que vivia me perseguindo. Por um instante seu olhar demonstrou surpresa, mas logo em seguida toda sua expressão era pura indiferença. Desgosto. Por que meu peito estava doendo de tristeza por ele ser indiferente a minha presença? Balancei minha cabeça para despertar de meus pensamentos. O Cullen que se ferrasse! Lancei-lhe meu melhor olhar de ódio e me abaixei para pegar meu material. Ainda com um olhar de soslaio pude vê-lo de costas esperando pelo elevador. Era tudo o que eu precisava para começar meu dia super bem! Encontrar Edward Cullen! Pensei com ironia.
Edward PDV.
Tudo o que eu mais precisava era encontrá-la no corredor. O que aquele lugar tinha, afinal?! Ali era o nosso ponto de encontro. Não pude esconder minha surpresa ao ver o quanto ela estava perfeita. Nenhum sinal da burrice que eu havia feito... Quando fiquei sabendo que ela não tinha ido à faculdade no dia anterior meu coração, que já estava imerso em remorso, se aprofundou mais em uma infinita tristeza. Encostei minha cabeça na parede fria do elevador fechando meus olhos. Como eu queria me desculpar... Me redimir... Doía ver seu olhar de ódio e desprezo! Eu não conseguia encará-la nos olhos. O sabor daquela pequena vingança estava longe de ser doce... Aquela vingança estava sendo amarga...
Bella PDV.
- ... Rembrandt por sua vez foi um pintor século XVII e considerado um dos maiores nomes da história da arte européia... O Século de ouro dos Países Baixos, para os historiadores... – Alguns deram risada das palavras ditas pelo professor Wayne, que nos dava história da arte. Revirei os olhos para tamanha criancice. Só por que o cara era dos Países Baixos? Háhá, que engraçado! Bom talvez eu não estivesse no meu melhor humor... Ok! Eu estava muito mal humorada! Mas acordar e logo dar de cara com o Cullen... Sem contar que o professor havia chamado minha atenção por chegar atrasada... Por culpa do maldito CULLEN! – Ok pessoal! Países Baixos... Muito engraçado! Nesta época a pintura estava em seu ápice... – Mais risadas. Como eram retardados! Tudo para eles tinham uma conotação pornográfica! Aff! Senti minha bolsa vibrar. Meu celular. Olhei para o professor temerosa e deslizei no acento da cadeira para sair de seu campo de visão. Peguei o aparelho, havia uma mensagem da Bru.
<De Miss Eastwood>
<Para Picassa>
“Que tédio! Essa aula teórica ta um saco!! Quem quer saber sobre o maquinário? Ok... Talvez eu tenha que saber... Enfim... Ta fazendo o que Picassa?! Aposto que ta pensando em um certo alguém que começa com Edward e termina com Cullen kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!!” – Revirei os olhos antes de continuar a ler o resto da mensagem. – “Ok. Parei de palhaçada... O que você esta pensando em fazer para se vingar dele?”
- ... Suas obras são exemplificadas especialmente nos retratos de seus contemporâneos, auto-retratos e ilustrações de cenas da Bíblia... – O senhor Wayne continuava sua explicação enquanto eu digitava minha resposta. – Seus auto-retratos formam uma biografia singular e intimista, pois ele pesquisou a si mesmo sem vaidade e com a máxima sinceridade...
<De Bella>
<Para Brudoidadepedra>
“Também estou tendo aula teórica... Até que não esta tão chata assim... Rembrandt era um cara legal! E para sua informação eu NÃO estou pensando no idiota do Cullen...” – Menti. – “Em relação à vingança... Não consigo pensar em nada cruel o suficiente, uma ajudinha seria bem vinda! Nossa! Meu rosto ta meio paralisado por causa de tanta maquiagem...” – Suspirei triste e depois fiz uma carranca de ódio. Tudo culpa daquele ser espantalho! Cliquei no botão de enviar voltando minha atenção para o professor enquanto esperava por uma resposta.
- ... Percebam o conhecimento completo que ele possuía da iconografia clássica... Tanto em suas pinturas como nas gravuras... Ele moldava suas pinturas baseado em seus conhecimentos, observações da população, assimilação da composição clássica... – Meu celular vibrou com a resposta enquanto olhava os slides que o senhor Wayne mostrava. – E devido a sua empatia pela condição humana, ele foi chamado de “um dos grandes profetas da civilização”.
<De Miss Eastwood>
<Para Picassa>
“Amiga! Tem um cara muito gato sentado perto de mim... Tipo... Pensa naquele cara bem gato... Pensou? Agora multiplica por dez que você vai ter o cara que esta perto de mim... Loiro, olhos azuis, musculoso, sorriso charmoso... Já te contei que tenho uma queda por homens loiros? Acho que vou pedir o número dele...”
Bufei de raiva chamando a atenção da Duda e da Anee sentadas perto de mim. Cadê a solidariedade entre amigos? Eu querendo idéias de vingança contra alguém e ela me vem com paquera?!
<De Bella>
<Para Brusaidinha>
“Você poderia parar de ficar pensando no seu colega de classe bonito e me ajudar com algumas idéias contra o Cullen? É pedir demais?!”
Apertei o botão de enviar com um pouco de força e logo em seguida olhei para o professor com cara de paisagem, fingindo que estava prestando atenção. A resposta da Bru veio mais rápida dessa vez.
<De Miss Eastwood>
<Para Picassa>
“Meu Deus! Como você esta estressada! Vou perguntar pro Brian se ele tem um amiguinho para você... Por falar nisso consegui o número de telefone dele! Eu sou demais mesmo! Quanto à vingança... Porque você não raspa o cabelo dele?! Oh Meu Deus! O Brian piscou pra mim!”
Não era possível que ela tinha conseguido o número! Que cara de pau! Sorri abobalhada balançando a cabeça. Essa era a minha amiga... Quanto a raspar o cabelo do ex espantalho... Inclinei a cabeça imaginando a cena... DROGA! Ele ainda continuava um gato na minha mente... Para que mentir... Ele ficaria bonito de qualquer jeito!
<De Bella>
<Para Bruconquistadora>
“Não preciso que você arrume encontros para mim. Sou perfeitamente capaz disso! Eu sei o que você esta pensando! Que eu não sou capaz né? Pois eu SOU! Quanto ao ex espantalho... Cabelo cresce... Quero algo que fique marcado. Quero que a reputação dele seja abalada...”
<De Miss Eastwood>
<Para Picassa>
“Como você sabe o que eu iria pensar? Você não é vidente! Mas desta vez você acertou... Amiga fala a verdade! Você não consegue! E coloca essa cabeça de gênio para funcionar! A mente maquiavélica é sua! O Brian pegou meu telefone! To nas nuvens...”
Olhei a mensagem incrédula. Por que ninguém acreditava que eu era capaz de convidar um cara para sair? Olhei para um cara sentado atrás de mim... Bem... Talvez eu fosse um pouco tímida... Ok! Eu não seria capaz de fazer isso!
<De Bella>
<Para Brumaluquinha>
“Tenho que pensar em tudo sozinha!! Obrigada pela ajuda!! Mas eu vou pensar em algo... A propósito Miss seria senhorita, o que significa que você não é casada com o Clint Eastwood! Kkkkkkkkkkkkk.”
Recebi a resposta segundos depois de enviar a minha mensagem.
<De Miss Eastwood>
<Para Picassa>
“Merda!”
Segurei uma gargalhada temendo a reação do professor. O senhor gordinho e baixinho, semi careca estava na ponta dos pés mostrando uma imagem dos slides.
- E por último temos A Lição de Anatomia do Dr. Tulp... Pintura de óleo sobre tela, de 1632. Quem aqui já viu essa tela em algum lugar? – Todos levantaram a mão, incluindo a mim mesma. – Sim eu já imaginava que todos a conheciam... Ela é uma das obras mais famosas e revolucionárias de Rembrandt. – Falou ampliando a imagem enquanto mostrava os detalhes. – Esta obra retrata uma aula de anatomia do doutor Nicolaes Tulp... – Focalizou numa figura que provavelmente era o médico, pois segurava em sua mão um dos vários instrumentos médicos da época. – O corpo que vocês vêem estendido sobre a mesa é de um marginal que havia sido condenado à morte por assalto a mão armada no dia anterior ao dessa aula... Naquela época as lições de anatomia realmente existiam e aconteciam em anfiteatros, sendo ministradas por doutores anatomistas... Vejam... As dimensões da obra... – Senti meu celular vibrando em minha mão. Droga! O que a Bru queria agora?! A minha aula até que tava legal... Se fosse para falar do tal de Brian ela iria ver uma coisa! Olhei o visor iluminado. Que estranho... Era minha irmã...
<De Alice>
<Para Bellinha>
“REUNIÃO URGENTE DEPOIS DAS AULAS!! Quero todo mundo na casa dos meninos! Beijos.”
Mas o que aquilo significava?! Reunião urgente? O que tinha acontecido?! Seria alguma coisa com relação ao que tinha acontecido entre mim e o ex espantalho?! Ah meu Deus! O que teriam para falar em relação a isso? Senti meu sangue gelar de medo pensando em todas as possibilidades do assunto da tal reunião...
- Bella você ta bem? – Ouvi a Duda sussurrando ao meu lado. Olhei assustada para ela percebendo que não somente ela, mas a Anee também me observava preocupada. – Você ficou branca de repente... – Eu estava bem pior que branca. Eu estava literalmente tremendo na base! Não podendo confiar em minha voz apenas levantei o polegar em sinal afirmativo e lhes lancei um sorriso vacilante, torcendo para que tivesse sido no mínimo um pouco convincente. Voltei meu olhar para o professor Wayne. Conseguia apenas visualizar sua boca se mexendo, mas som nenhum chegava até mim. Calma sua maluca! Falei para mim mesma. Pense direito! O que teriam contra você e o Cullen? Nada! O episódio do beijo já havia sido esquecido... Por eles pelo menos... Porque eu ainda sentia arrepios e um pouco de calor só de lembrar daquelas mãos fortes na minha cintura e daquela boca deliciosamente perfeita... FOCO BELLA! Abaixei a cabeça de encontro à mesa escondendo meu rosto. A superfície gelada tocando minha testa. Eu definitivamente estava me tornando alguma espécie de... De... Tarada! Segurei um gemido de frustração e voltei a minha linha de raciocínio anterior ao meu surto psicótico de desejo pela boca e toques do Cullen, que aliais eram totalmente inapropriados nas atuais circunstâncias. Mas pensando na reunião... Deveria ser outro assunto. É isso! Outro assunto! Vai ver a louca da Alice estava aprontando mais alguma das dela. Como da vez em que ela obrigou todo mundo a ser seus manequins... Maluca! Com todo certeza deveria ser algo desse tipo... Nada com relação a mim. Ou ao Edward...
- ... Para concluir turma... Eu quero um trabalho sobre as técnicas de pintura utilizadas por Rembrandt para o final desse mês. Boa tarde a todos e até semana que vem... – Me assustei quando me dei conta do final da aula. Droga! Tinha passado o tempo todo pensando em besteiras!!
O resto das aulas foi... Chato! Em nenhum momento consegui prestar a devida atenção. Ou minha mente vagava em possibilidades de vingança, ou na tal reunião ou ainda no que teria acontecido se a porta do apartamento dos meninos estivesse trancada na hora daquele beijo... Estremeci com o eventual acontecimento que viria depois se não tivéssemos sido interrompidos. Parei no meio do corredor apinhado de estudantes chocada com o que eu teria feito... MEU DEUS! Eu realmente teria ido adiante! Eu teria feito amor com o Cullen! Ofeguei e sai correndo até o estacionamento onde estava meu carro. Abri a porta do motorista tremendo e joguei minhas coisas de qualquer jeito no banco de trás.
- Não é possível! Não! Não! Não! – Comecei a falar enquanto batia a cabeça no volante. – Isso não! Fazer amor com o Cullen NÃO! E daí que ele é lindo... NÃO! – Bati com mais força inconscientemente. – Ai! – Gemi esfregando o local da pancada. – Como vou viver perto dele? – Perguntei choramingando enquanto olhava para o parabrisas do carro. Melhor seria se ele fosse embora pro raio que o parta! Mas por que pensar nisso me deixava incomodada? Triste... Há! Essa era boa! Eu triste porque o Cullen iria embora. Eu ficaria feliz... Muito feliz... Suspirei...
Pulei no lugar de susto quando ouvi um barulho. Droga! Era só meu celular. Eu estava precisando relaxar. Me inclinei para o banco de trás tentando alçar minha bolsa e com a mão no peito devido ao susto comecei a procurar o aparelho que não parava de tocar e vibrar. Era a Bru.
- Oi, Bru... – Falei com uma voz rouca. Pigarreei.
- Que voz entranha. Você viu um fantasma? Parece que levou um susto!
- Não! To ótima... – Menti como sempre.
- Claro... Então! Ficou sabendo dessa reunião louca da Alice?
- Você também foi convocada? – Perguntei espantada.
- Lógico Bella! E eu lá fico de fora das coisas? Eu sou a principal nem! – Riu da própria piada.
- Você ta sabendo de algo? – Indaguei curiosa.
- Bem... Não muito... Por isso te liguei... Queria saber se você sabia de algo...
- Não... Só recebi a mensagem mesmo... Droga! O que a Alice ta aprontando?
- Não sei... – Suspirou. – O negócio e ir para casa... Mas a Dê não chega logo! Deve ta dando em cima de algum ator por ai! – Demos risada.
- Ela não é desse tipo...
- Sei... Ela não me engana! Ela chegou! Vou desligar... Nos vemos em casa.
- Ok. Até lá.
Dei partida no carro e manobrei pelo estacionamento. Depois de algum tempo eu já estava em frente ao nosso prédio. Mas eu não era a única, havia uma fila de carros entrando na garagem. A Bru com a Dê, o Emm com a Rose, o Jake na sua moto... A reunião era realmente grande. Parei na minha vaga de sempre.
- Alguém sabe o que ta acontecendo? – Jake perguntou descendo da moto enquanto tirava o capacete.
- Coisas de Alice... – Falei pegando minhas coisas enquanto dava de ombros.
- O que nossa irmã ta aprontando? – Indagou ajeitando os cabelos negros arrepiados.
- Não deve ser nada de ruim... – Rose disse de mãos dadas com o Emm.
- Bem estamos quase todos aqui... Só falta a baixinha, o Jazz, o Edzão e a Gra... – Emmett falou.
- A Gra? Vixi! Aquela ta de pegação com o Nic... – A Bru disse maliciosa.
- Isso soou para mim como inveja Bru... – A Dê provocou enquanto chamava o elevador.
- Se mata Dê!
As duas bufaram irritadas e de braços cruzados. E eu ainda pude ouvir a Bru cochichando consigo mesma sobre ter conseguido o telefone do tal de Brian. Revirei os olhos ficando entre as duas.
- Vocês não acham que ela ta tentando nos fazer de modelo de novo né? – Emm perguntou receoso.
- Eu espero que não! Nunca mais tiro fotos só de boxer! – Jake comentou decidido.
- Nem morto. Tirar foto de boxer com estampa de zebra foi humilhante. – Emmett balançou a cabeça em desgosto.
Eu e as meninas estávamos segurando a risada.
- Não fica assim amor... Eu achei sexy... – Rose acariciou o braço do namorado.
- Essa loira burra deve ter adorado a tanga de Tarzan que a Alice obrigou o Emmett a usar... – Jake falou debochando.
- Porra cara! Nem me lembra aquilo! Eu tive que tirar foto segurando um cipó! – O grandão falou envergonhado. Ai não agüentamos. Eu, a Bru e a Dê caímos na gargalhada.
- Loira burra é a sua avó! – Ainda pude ouvir entre as gargalhadas a Rose revidando.
- Que é a mesma que a sua! Se toca loira sebosa! – Jake respondeu. Ele tinha certa razão... Éramos primos...
- Não a mãe do seu pai!
- Não fala mal da minha avó que já morreu! – Jake falou bravo.
Minha prima ia revidar quando o elevador se abriu.
- Dá para ouvir vocês pelo prédio todo! – Era a Gra.
- Oi amiga! – Bru a cumprimentou.
- A culpa foi toda do Jake! – Rose falou em tom mimado.
- “A culpa foi do Jake!” – Meu irmão a imitou fazendo uma voz de falsete. Minha prima estreitou os olhos que pareciam soltar faíscas de ódio. Jake apenas sorriu.
- Dá para vocês pararem? Pelo amor de Deus! – Falei cansada. – Já temos que aturar a Bru e a Dê!
- Hey! – A Bru exclamou. – Eu e a Dê temos mais classe... Fala ai Dê... – Cutucou o braço da amiga.
- Prefiro me abster... – Respondeu indiferente.
- Então se mata sua chata! “Prefiro me abster...” – Imitou fazendo voz grossa. – Metida pomposa.
As brigas iam começar novamente quando o elevador parou indicando que havíamos chegado ao nosso destino.
- Graças a Deus! – Eu, a Gra e o Emm murmuramos juntos. O grandão sai rebocando a namorada para longe da briga. E a Gra tentou puxar assunto. Mas a Bru foi mais rápida.
- E então heim dona Gra... Só nos amassos com o Nic... – Deu ênfase no nome do rapaz. A Gra atingiu um tom de vermelho quase roxo de vergonha.
- Bem... – Falou sem jeito.
- Quando a gente vai conhecer o cara? Temos que dar nossa aprovação! – Disse entrando no meu apartamento para guardar meu material. – Deixem as coisas de vocês aqui.
- A gente pode combinar de sair um dia desses... – A Gra disse colocando a bolsa cuidadosamente sobre o sofá.
- Eu acho uma ótima idéia! A Bella precisa de um namorado e uma festa é sempre bom para se conhecer isso! – A Bru falou jogando a pasta de qualquer jeito sobre a mesinha de centro.
- Eu não preciso disso! – Falei indo até a cozinha pegar água.
- A Bru fala como se tivesse um namorado... – A Dê provocou.
- E você tem um por acaso? Para sua informação eu peguei o número do telefone de um super gato hoje! HáHáHá! Revida essa agora! – Bru exclamou superior. A Dê abriu a boca para responder, mas para esta ela definitivamente não tinha resposta. – VENCI! – A Bru gritou.
- Desta vez ela te passou Dê... – A Gra falou e eu concordei.
- Vamos logo para a casa dos meninos! – Disse irritada.
- Má perdedora! – A Bru zombou jogando os cabelos loiros na cara da Dê.
Tudo ia começar de novo então peguei a Bru pelo braço e a Gra a Dê pelo outro e as arrastamos para o apartamento da frente.
- A maluca da Alice ainda não chegou... – Jake falou do sofá, onde estava jogado assistindo TV. As meninas logo foram se juntar a ele.
- Será que ela vai demorar? – Perguntei enquanto me sentava ao lado da Rose no balcão da cozinha.
- Não sei... – Suspirou cansada.
- Ta com fome gatinha? – Emm perguntou se inclinando sobre o balcão roubando um beijo da namorada.
- Um pouquinho... – Fez bico.
- Quer um sanduíche? – Colocou uma mecha de seu cabelo dourado atrás da orelha dela que balançou a cabeça afirmando. – Vou fazer então... – Deu um beijo estalado em sua boca. – Quer um também Bellinha?
- Ah... Já que você ta com a mão na massa... – Demos risada. Então ficamos as duas observando o mestre cuca trabalhando na cozinha. – Olha só Rose! Você já tem quem cozinhe para você... – Falei quando ele depositou um prato com um mega sanduíche na minha frente.
- Que isso Bellinha... Se nos pudéssemos viver só de sanduíche daria certo... Só sei fazer isso... – Falou coçando a nuca constrangido. Igual ao Edward... Por que fui pensar nele agora?
- Eu não me importaria Gatinho... – Rose disse lançando um beijo no ar para ele.
- O amor é lindo mesmo... – Falei dando uma mordida no sanduíche. – Nossa! Grandão isso esta uma delicia! – Estava muito bom.
- Ta mesmo! Caprichou amor... – Rose falou escondendo a boca cheia. Emm sorriu e a beijou de novo.
- Hmm... Maionese... – Sorriu maroto. Rosalie ficou ruborizada. Ignorei o casal feliz e quando ia levar meu sanduíche a boca novamente um mini furacão de nome Alice bateu a porta com toda força na parede.
- CHEGUEI! – Falou afobada. O Jazz e uma outra moça vinham logo atrás dela. – Meu Deus! Que dia! Obrigada Bellinha... Tava morrendo de fome! – Disse pegando o lanche que estava em minhas mãos.
- Hey! Esse sanduíche é meu! Folgada! – Gritei brava.
- Não seja mesquinha... Nem almocei hoje... Esse lanche esta perfeito! Divino! – Se jogou no sofá tirando os saltos assassinos.
- Obrigado... – Emm murmurou. Todos olhavam para ela espantados. Minha irmã era uma força da natureza... – Fala Jazz! – Emmett cumprimentou meu primo com um toquinho de mão. – Ta sabendo o que essa baixinha ta aprontando?
- Melhor deixar ela explicar, cara! Você conhece a peça... – Disse sorrindo para mim.
- Se conhecemos... – Falei junto com o grandão e a Rose. Fiquei olhando para a moça que tinha vindo com eles e que estava parada junto da porta.
- MEU DEUS! Quase ia me esquecendo! – Falou batendo a mão na testa.- Gente esta é a Talissa minha amiga de classe... Nós somos parceiras no desfile... Estamos organizando tudo juntas...
- Oi pessoal... – Disse acenando com a mão. Todos a cumprimentamos ao mesmo tempo. Ela era bonita. Tinha os cabelos longos e castanhos cacheados nas pontas e uma leve pegada rock no jeito de se vestir*. Totalmente diferente do jeito clássico e patricinha da minha irmã. Mas elas pareciam totalmente harmoniosas juntas.
- Bem vinda a turma Talissa. – A Rose saudou amigavelmente.
- Pode me chamar de Teliih... – Disse sorrindo.
- Senta aqui Teliih. – Bru indicou um espaço vago no sofá.
- Obrigada... – Sorriu se sentando elegantemente. O Jake logicamente já estava babando na moça... Francamente ele não tinha jeito!
- Alice porque você não diz logo por que estamos aqui... – Falei cansada.
- Verdade... Então... Eu chamei vocês aqui por que... – Ela parou no meio da explicação olhando para nós. – Cadê o Edward?! Não posso começar sem o Edward! – Correu para a bolsa procurando por alguma coisa. Provavelmente o celular... Então ouvimos passos apressados no corredor e no segundo seguindo a figura esplendorosa do Edward estava parada na porta. – EDWARD! Por que você demorou? – Disse irritada com as mãos na cintura em uma imitação perfeita de nossa mãe. Eu já estava cogitando a idéia de dar alguns calmantes para minha irmã... Ela estava mais agitada que o normal... O Cullen olhou diretamente em meus olhos antes de responder. Senti meu corpo estremecendo...
- Foi difícil despistar a Gi como você me pediu! Ainda bem que o John chegou. – Falou jogando a mochila perto do batente da porta e a fechando depois.
- Sim... Eu imaginei isso... Por isso mandei o John para te ajudar. Ele já sabe de tudo... – Alice disse enquanto guardava o celular novamente dentro da bolsa e respirando fundo como se estivesse tomando coragem para fazer um grande discurso. – Bom... Já que estamos todos aqui... Vamos começar...
- Espera! – Falei. – Falta a Gi e o John... – Olhei para os outros que apenas concordaram comigo. – Eles não vêm?
- Não e logo vocês vão saber por quê... Daqui a exatos quinze dias é aniversário da Gi! – Ouve várias exclamações de surpresa. O Cullen fez uma careta, provavelmente porque também havia se esquecido desse detalhe.
- Porra! Eu esqueci que tava tão perto! – Falou olhando para a Alice. – Também! Eu ando com tantas coisas na cabeça... – Olhou sugestivamente para mim. Estreitei os olhos para ele. Que absurdo! Como se só ele ficasse pensando certas coisas! Não que eu pensasse...
- Gente! Calma... Eu sei que ninguém iria esquecer a data... Principalmente eu e o Ed... Mas o ponto em questão é que temos que fazer alguma coisa para comemorar! – Bateu palmas feliz.
- E o que você sugere? – A Bru perguntou se sentando na beirada do sofá, totalmente empolgada.
- Eu sugiro... Uma festa surpresa! – Falou sorrindo brilhantemente.
Edward PDV.
Minha cabeça estava tão cheia de coisas relacionadas à Swan que até havia esquecido a proximidade do aniversário de uma das minhas amigas... A garota me deixava louco e infelizmente não era somente no mal sentido... No bom sentido também...
Mas eu estava feliz pela idéia brilhante que a Lice havia tido. Uma festa surpresa! A Gi iria adorar, sem contar que ela merecia... A baixinha já tinha convocado todas as meninas para irem ao apartamento delas e discutirem os detalhes da decoração alegando que nós homens não seriamos capazes de ajudar nesse quesito... E pensando bem ela tinha razão. Então estávamos eu e os rapazes sentados em frente à TV esperando o jogo da NBA começar.
- Quem vai pegar as cervejas? – Jake perguntou.
- Larga de ser folgado! – Falei jogando uma almofada em sua cabeça.
- Ta legal! Eu vou... – Disse se levantando a contra gosto e me devolvendo a almofadada. A chamada para o começo da partida entre o Orlando Magic e o Lakers estava passando quando senti meu celular vibrar. Verifiquei o visor de chamadas. Era o John.
- Fala cara! – Saudei-o.
- Oi Edward... Você ta muito ocupado? – Perguntou em um timbre de voz que não soube identificar.
- Não John... Eu e os caras estamos assistindo NBA... Aconteceu alguma coisa? Deu algo errado com a surpresa? – Indaguei um pouco aflito.
- Não... Estou levando a Gi para casa... Eu acabei levando ela para tomar um café...
- Por que você não falou que ela estava do seu lado? – Demos risada.
- Jogo da NBA parece ser uma boa pedida... Um momento só pros caras... – Falou disfarçando.
- Você ta querendo bater um papo particular? – Tentei adivinhar.
- Ok então... Combinado. Estamos chegando. – Desligou. Fiquei olhando o celular em minhas mãos pensativo. O que ele estaria querendo conversar?
- Aconteceu alguma coisa mano? – Meu irmão perguntou.
- Não sei ainda... O John disse que quer conversar... Por falar nisso preciso avisar as meninas que a Gi esta chegando... – Falei me levantando.
- Quer que eu vá avisar elas? – Jazz se ofereceu já começando a se levantar.
- Não precisa cara. Eu vou lá rapidão e já volto... – Me levantei rápido do sofá e fui em direção ao apartamento ao lado avisar as meninas. A quem eu queria enganar? Eu estava indo lá para ver a Swan! Logicamente para ver se ela não estava aprontando nada... Respirei fundo olhando para a porta a minha frente e suspirei criando coragem. Bati de leve na madeira antes de entrar.
- Oi... – Falei olhando através de uma fresta da porta aberta.
- Que susto Ed! Achei que fosse a Gi... – Alice falou com a mão no peito assustada. Ela estava sentada, com as pernas cruzadas em posição de índio. As outras meninas estavam ao seu redor, mas o que realmente me chamou a atenção e me deixou sem fala foi a Bella... Ela estava deitada de bruços, com o queixo apoiado nas mãos e as pernas dobradas se balançando displicentemente. Engoli em seco quando ela se virou para me encarar... Ela estava... Estava chupando um pirulito... Ah meu Deus... Ela só podia fazer isso de propósito! Não... O pior é que ela não tinha consciência nenhuma de que aquilo era totalmente e inexplicavelmente sexy. Seus lábios formando um bico enquanto tirava o pirulito da boca e sua língua lambendo vagarosamente seus lábios cheios e avermelhados... Senti minhas mãos segurando com força a maçaneta da porta quando me imaginei roubando aqueles lábios tentadores em um beijo quente... – EDWARD?! – Ouvi Alice me chamando.
- Sim? – Perguntei sem tirar os olhos da Swan, que me encarava confusa e um tanto envergonhada. Eu deveria estar babando...
- Por que você veio aqui? – Lice indagou. Olhei para ela sem saber o que responder. Eu não lembrava porque tinha ido até lá. Pisquei meus olhos tentando lembrar e franzi meu cenho.
- Eu... – Gesticulei para elas e logo em seguida olhei para o corredor atrás de mim. Quando voltei a olhar para elas percebi que me encaravam como se eu fosse algum idiota retardado. Arrisquei um olhar para a Bella e então lembrei. A Gi! – Eu só vim avisar que o John me ligou e disse que eles estão chegando... – Cocei minha nuca constrangido.
- Ah ta! Obrigada por avisar... – Alice falou sorrindo para mim.
- Tudo bem... – Me encostei no batente e pigarreei. – Então... Algum progresso? – Perguntei tentando prolongar meu tempo naquele lugar. Bella mudou sua posição sentando como a maioria das garotas, o pirulito preso entre seus dedos. Ela mantinha a cabeça baixa e ocasionalmente arriscava alguns olhares para mim. Eu gostava daqueles olhos chocolate transparentes de tão expressivos.
- Nós ainda estamos decidindo um tema... Mas a Bellinha deu a idéia de fazermos em uma boate... – Alice sorriu em direção a irmã e todas as meninas assentiram concordando. As bochechas de Bella ganharam um tom delicioso de vermelho... SE CONCENTRA EDWARD!
- Essa é uma boa idéia... – Falei depois de um tempo fazendo a Swan levantar sua cabeça me olhando espantada. Bem... Eu estava sendo sincero... – Vocês pretendem fazer algo agora para despistar a Gi?
- Vamos fazer uma noite das meninas... – A Gra respondeu.
- Legal... – Murmurei.
- Assim a gente tira algumas preferências da Gi... – A Bru sorriu maliciosamente, como se estivesse prestes a aprontar alguma. Sorri de volta. Então o silencio se instaurou no lugar e ficamos nos encarando... Bella olhava seu pirulito como se ele fosse a coisa mais interessante do mundo. Inconsciente ela mordia o lábio inferior e fazia de tudo para não me olhar diretamente. Alguém tossiu levemente tirando meu foco. Desviei meu olhar novamente. Acho que já estava na hora de eu ir embora.
- Bom... – Sorri nervoso balançando meus braços em uma imitação muito ruim de uma pessoa despreocupada. – Vocês já sabem da Gi... Então eu vou indo nessa... – Apontei com o polegar o corredor. – Boa noite das meninas... – Acenei andando de costas e fechando a porta logo em seguida. – Burro! – Me xinguei assim que me vi sozinho no corredor. – Mas o que você pensa que esta fazendo? Vai ter que andar de babador por ai por causa da Swan?! – Falava enquanto andava de um lado para o outro. – Você é patético! – Ia continuar com meu monólogo quando ouvi o elevador se abrindo. Finalmente o John e a Gi haviam chegado.
- Oi Ed! – Gi veio me cumprimentar.
- Oi Gi... Oi John... – Cumprimentei-os.
- Fala cara. – Disse abraçando a Gi pelos ombros.
- Conseguiu resolver sua duvida com o professor? – A Gi perguntou. Essa havia sido minha desculpa para voltar sozinho para casa.
- Ah sim! Tudo certo agora! – Sorri cúmplice para o John.
- Vocês chegaram! – Alice apareceu no corredor. – Ouvi vocês lá de dentro... Vem amiga! – Puxou a Gi pela mão. – Hoje é a noite das meninas... Filme romântico, pipoca e chocolate. Sem contar que a Teliih ta aqui!
- Ah que bom! Faz tempo que não a vejo... Tudo bem para você mon amour? – A Gi perguntou para o John.
- Tudo sim ma cherry... Essas coisas de mulherzinha não são para mim... – Disse nos fazendo rir.
- Homens! – Alice murmurou.
- Até amanha mon amour... – Gi disse dando um leve beijo em John.
- Até... Durma bem... – John lhe disse retribuindo o beijo.
- Divirtam-se meninas... – Acenei vendo Alice arrastando a Gi para dentro e fechando a porta, mas não antes de acenar alegre com o polegar para nós. – Essa Lice... – Balancei a cabeça rindo.
- É uma figura... – John riu sendo acompanhado por mim.
- Fala John! – Jake o cumprimentou assim que entramos.
- Oi galera! – John saudou a todos.
- Tudo pronto para a noite dos machos! – Jake disse orgulhoso. – O jogo começou e eu pedi pizza!
- Sem contar que temos a cerveja! – Emm agitou uma garrafa que estava em sua mão.
- Então não falta mais nada! – Falei me sentando no sofá de qualquer jeito. Eu precisava relaxar!
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- UUUUUULL!! – Gritamos quando o Kobe Bryant do Lakers enterrou a bola na cesta empatando o jogo.
- É assim que se faz! – Jazz exclamou antes de o juiz indicar Half-Time. O jogo estava bastante acirrado. Mas nosso time de preferência estava firme e forte. Me levantei para pegar mais algumas cervejas. A sala estava uma total bagunça. Era isso que se conseguia com pizza, cerveja, esporte em uma TV de plasma e homens bagunceiros. Pow! Éramos machos!
- Caras... Posso bater um papo com vocês? – John perguntou repousando a garrafa de cerveja na mesinha de centro a sua frente.
- Manda! – Jake respondeu sem tirar os olhos das líderes de torcidas super gostosas que faziam seu show de dança.
- É meio difícil de dizer... – Disse passando as mãos nos cabelos. – Eu venho pensando nisso há algum tempo, sabe?
- Fala logo cara! Ta me deixando bolado! – Falei me sentando novamente. Todos estavam prestando atenção nele... Bem... Exceto o Jake. Naquele momento as líderes de torcida eram mais importantes.
- É o seguinte... – John começou. Então parou para respirar fundo e tomar coragem. – Eu... Eu decidi pedir a mão da Gi em casamento... – Falou olhando para nós com cautela.
Jake cuspiu sua cerveja. E depois... Total silêncio.
Olhei para o Jazz e meu irmão procurando por apoio. Eu realmente não sabia o que dizer. Eu nem sabia se havia ouvido direito.
- Você disse casar? Tipo... Casamento? Com aliança, noivo, noiva, “aceito”, “eu vos declaro marido e mulher”, padre... Esse tipo de casamento? – Jazz perguntou visivelmente não acreditando.
- Eu acho que não existe outro tipo de casamento... Mas é isso ai que você falou... – John respondeu.
- Nossa cara! – Emm exclamou rindo nervoso.
- Esse é um grande passo... – Falei. Meu irmão e o Jazz concordaram comigo. Jake estava em transe, olhando para o John como se ele fosse um alienígena.
- Eu sei Edward... Mas eu sinto que é o certo... Eu a amo! Eu sei que ainda somos jovens... Não quero me casar amanhã ou mês que vem... Apenas quero que ela seja minha noiva... Andei pensando muito sobre isso! Não é nada precipitado... – Pensei nas palavras do meu amigo. O amor dele era evidente. Palpável! A Gi merecia ter alguém assim na vida dela. E o John merecia alguém como ela... Eles eram o casal perfeito! John me olhava desolado. Então sorri e ele me olhou aliviado.
- Então meus parabéns cara! – Falei indo cumprimentá-lo. Emm e Jazz vieram fazer o mesmo.
- Melhor você cuidar bem da Gi! – Emmett deu um soco de brincadeira no braço dele.
- É isso ai! A gente sabe onde você mora se aprontar alguma! – Jazz falou nos fazendo dar risada.
- Valeu, galera! Vocês não sabem o quanto isso é importante para mim...
- Nós somos Brothers!! Sempre iremos te apoiar! – Disse lhe dando tapinhas nas costas.
- O primeiro de nós a se amarrar! – Emmett exclamou. – Isso merece uma comemoração! – Falou pegando sua cerveja e estendendo em nossa direção. Fizemos o mesmo.
- Ao amor! – Jazz gritou.
- Ao John e a Gi! – Exclamei e então batemos nossas garrafas uma na outra em um brinde.
- Vocês enlouqueceram?! – Jake saiu de seu transe. – Quer dizer... Vocês realmente vão apoiar essa loucura?
- Como assim? – Perguntei.
- Casamento! – Respondeu como se fosse óbvio.
- O casamento não é o fim do mundo! – John retrucou.
- Pelo amor de Deus! Casamento é o fim! Imagina se amarrar a uma mesma mulher até o fim dos seus dias... Vendo-a envelhecer... A pele ficando enrugada... Os peitos caindo até o pé... – Estremeceu. – Isso é um pesadelo!
- Jake... Eu não penso assim. Quando você conhecer a mulher certa vai entender o que eu estou falando. Vai entender o que é querer passar o resto dos seus dias com uma mesma mulher...
- Não importando o que aconteça com ela... Por que o importante é que você a amará eternamente... – Completei a fala do John me sentando no sofá. E de repente eu me sentia triste. E meus pensamentos estavam concentrados na Bella... Mas por que isso? O que ela tinha a ver com tudo aquilo? E principalmente... Da onde eu havia tirado aquelas palavras? Olhei para os caras que me encaravam espantados.
- Sim... É isso o que eu sinto... – John falou olhando para mim.
- Isso foi profundo mano... – Emmett disse tocando meu ombro.
- Obrigado... – Olhei para ele tentando sorrir.
- Bom... – Jake começou. – Se é isso que você realmente quer... Parabéns cara! – Falou estendendo a mão para o John que a apertou satisfeito.
- Estou cem por cento seguro de minha decisão! – Disse convicto.
- Tudo bem... Mas já deixo claro que a festa de despedida de solteiro sou eu que vou organizar! – Jake falou malicioso e eu pude imaginar todas as strippers que ele chamaria. Esse era o Jacob...
- Combinado! – E fizemos mais um brinde. Depois de muitas felicitações e tapinhas nas costas de John, Jazz perguntou o principal:
- Já comprou o anel de noivado?
- Bom... Ai é que esta o problema... – John respondeu constrangido. – Eu queria a ajuda de vocês para escolher o anel certo...
- Vamos combinar um dia então para escolher... – Jazz falou bebendo um gole de sua cerveja.
- Quando você pretende fazer o pedido? – Indaguei.
- No dia do aniversário dela... Na festa surpresa que a Alice esta organizando...
- Perfeito cara! Ela vai amar! – Emmett exclamou.
- A Lice pode te ajudar... – Jazz propôs.
- Não! Tem que ser surpresa absoluta! Só entre nós...
- Pode deixar mano... Seu segredo ta seguro com a gente! – Jake disse. Olhamos para ele com expressões de interrogação. – Que foi? Já que ele vai cometer essa loucura mesmo... Vou ajudar né? Vou fazer o que?
- Valeu galera...
- Estamos aqui para isso... – Falei apertando seu ombro em um sinal de camaradagem.
Bella PDV.
Faltavam menos de cinco dias para o aniversário da Gi. Meu rosto, felizmente, já estava voltando ao normal, restavam apenas sombras das marcas que o Cullen havia feito nele e assim como eu que estava me vendo livre daquela palhaçada ele também estava recuperando a cor normal dos cabelos. Infelizmente.
Estava de péssimo humor. Era intervalo de almoço e eu estava caminhando pelo campus da universidade sendo seguida pela Bru e o Jazz. E meu humor só piorava a cada passo que eu dava... Naqueles últimos dias um surto de cabelos rosa havia tomado toda a faculdade. Bando de retardados! Todos alegavam que estavam aderindo a campanha do bem feitor e aclamado Edward Cullen. O que me deixava mais brava era o fato de que tudo aquilo era mentira! Uma historinha inventada por ele e pela Gi para se livrar de chacotas! Eu queria gritar aos quatro ventos toda aquela baboseira hipócrita daquele imbecil, mas após pensar durante um bom tempo tinha decido manter a boca calada. Mentira ou não, aquela farsa estava ajudando muitas pessoas... As provas estavam implícitas, nas varias cabeleiras tingidas de rosa, as camisetas, fitas nos pulsos, faixas e cartazes nas paredes... Sem contar as doações para a ala de oncologia do hospital universitário. Eu mesma estava levando em meu pulso uma fita de cetim rosa fina... Apesar de tudo, aquela era uma causa que valia a pena. E era justamente por este motivo que eu estava perdendo meu horário de almoço caminhando até o bloco de ciências onde o Cullen estava nos esperando. A surpresa tinha vindo no dia anterior quando eu coloquei meus pés no jornal...
#FLASHBACK ON#
Os corredores da universidade estavam quase vazios enquanto eu corria para chegar à sala do jornal. Tinha ficado depois das aulas desenhando distraída e esquecido totalmente a hora. Havia muitas coisas a serem feitas para a edição do dia seguinte e minha parte, as das fotos, estavam realmente muito atrasadas... Parei em frente à porta, onde se lia em letras garrafais as palavras “Journal Dartmouth”, e me recompus da corrida pensando em uma boa desculpa para o atraso. Desamassei minha blusa, ajeitei a bolsa no ombro, o cabelo e coloquei meu melhor sorriso de inocente no rosto.
- Boa tarde! Chefa desculpa o atraso... O professor... – Ia começar minha explicação mirabolante quando percebi que a July não estava presente, devia estar na sua sala provavelmente... Mas o que me chamou a atenção foi a maneira como o Jasper e a Bru me olhavam, como se o mundo tivesse acabado ou algo de muito errado houvesse ocorrido e temessem minha reação... Estranho... – Alguém morreu? – Ouvi a Bru engolir em seco. – Gente o que aconteceu? – Perguntei começando a ficar aflita.
- Ah! Bella você chegou! Finalmente! – July saiu animada de sua sala. Meu primo e a Bru desviaram o olhar de mim retomando as coisas que estavam fazendo antes que eu entrasse, mas a tensão que eles sentiam era palpável... Só restava saber o porquê daquilo. – Já te contaram a nova matéria que iremos publicar? – Indagou olhando para os outros que apenas negaram apreensivos.
- Sobre o que é a matéria? – Perguntei contagiada pela animação da July.
- Vocês vão entrevistar os idealizadores da campanha de prevenção do câncer... – Sorriu orgulhosa. – Sabe aquela dos cabelos rosa? As fitas... Tudo aquilo rosa! – Fez um gesto com as mãos tentando abranger um todo. Parei estática no mesmo lugar. Olhei da July que sorria em expectativa, esperando a mesma reação de minha parte, para o Jazz e a Bru que pareciam encolhidos no lugar com a respiração suspensa. Eles estavam esperando uma explosão...
- Como é? – Sussurrei tentando manter o controle dos meus nervos que já estavam começando a entrar em ebulição.
- Não é fantástico? Você sabe quem são eles? Como era mesmo o nome? – Olhou para um papel em cima da mesa da Bru. – Ah sim... Gisele Laforet e... Edward Cullen!
- Você. Quer. Que. Eu. Participe. Dessa. Entrevista? – Perguntei pausadamente de dentes cerrados.
- Lógico que sim! Você vai tirar as fotos... – Respondeu aparentemente sem entender nada. Processei suas palavras. Eu tirando fotos do Cullen por algo que ele nem ao menos tinha crédito!
- Eu não vou! – Falei cruzando os braços e a todo custo me controlando para não alterar a voz com minha chefe.
- Como é? – Indagou incrédula.
- Você ouviu muito bem. Eu não vou!
- Você vai sim, Isabella!
- Não vou não! – Bati o pé no chão.
- Ah, você vai sim! – Fez cara brava.
- NUNCA! Eu não vou tirar fotos daquele imbecil! Não importa o que você diga... NUNCA! É minha palavra final! – Me sentei na cadeira olhando firme para ela. Eu não iria voltar atrás...
#FLASBACK OFF#
Logicamente eu não possuía nenhuma voz ativa ou autoridade naquele jornal e depois de ser ameaçada de demissão por justa causa acabei abaixando a cabeça e aceitado o “pedido” da chefa mor. Ela sabia ser bastante persuasiva. Por este motivo eu estava caminhando para a desgraça da minha vida... Pessoa mais azarada que eu não poderia existir.
- Hey, Picassa... Fica na boa... Vai dar tudo certo! – Bru tentou me animar. Olhei feio para ela sem nenhum pingo de paciência.
- Vamos ver... Me corrija se eu estiver errada... Nós estamos indo entrevistar meu inimigo número um desde a infância... – Comecei a pontuar com os dedos. – ... Porque eu pintei o cabelo dele de rosa e a Gi inventou uma história mirabolante onde ele se safou como o herói da pátria... Melhor! Como a madre Tereza de Calcutá... Então... Esqueci algum detalhe? – Perguntei irônica controlando mais uma vez a raiva para não descontar nela que não tinha culpa nenhuma. A Bru ficou pensativa por alguns segundos e depois olhou para mim.
- Cara... Você é uma azarada! – Falou o óbvio.
- Sério? Você acha? Nem tinha percebido... – Continuei com meu sarcasmo ácido.
- É sério amiga! Pensa comigo... – Disse ignorando ou fingindo ignorar meu tom de voz. – Você pintou o cabelo dele e ele se safou... Mas no seu caso... Ele fez bigodes em você e isso não tem como esconder... – Fez aspas na última palavra. – Quer dizer... Nem tem como você inventar uma mentira para isso... O que iria dizer? “Estou arrecadando fundos para o museu da Frida e Chaplin?” – Imitou minha voz. – A história dele é mais comovente, com toda certeza... Pow! Ele realmente conseguiu fundos para o hospital...
- Sim! Claro! O santo Cullen! Salvador do hospital! – Bufei irritada apressando o passo e indo na frente de todos sem olhar para ninguém.
- Bella! – Ouvi o Jazz me chamando. Ao me virar percebi que eles estavam parados em frente a uma porta e que eu estava alguns metros a frente deles. Tentei disfarçar olhando para os lados e encontrei um bebedouro. Apontei para ele sorrindo amarelo e fingi que bebia água. Havia um nó em minha garganta que não me deixava engolir nada e agora que havíamos chegado a tal sala da entrevista senti a meu corpo tremer... Voltei para junto deles tentando manter a respiração estável.
- Só queria beber água... Eu sabia que a sala era esta... – Menti.
- Claro que sabia! – Bru falou e pude perceber que ela havia sacado minha mentira. Olhei feio para ela com uma mensagem muito clara... “Não fala mais nada!”
- Vamos começar com isso logo? – Perguntei impaciente.
- Claro... – Jazz respondeu batendo na porta logo em seguida. Ouvimos um abafado “Entre” . Senti meu coração disparando. Nos entreolhamos e a Bru fez sinal para que entrássemos. Senti minha garganta seca. Jazz foi o primeiro a entrar, depois a Bru... Dei uma última respirada funda para tentar me acalmar. Sem sucesso... Fechei meus olhos em busca de algum resquício de coragem em meu ser. Sem sucesso... Meus pés já começavam a dar passos para trás me distanciando da porta. Eu não iria conseguir. Fazia três dias que estava fugindo do Cullen como o diabo foge da cruz. Era isso então! Ia ser demitida, mas não entraria por aquela porta!
- Vem logo! – Senti um puxão no meu braço. Tropecei em meus próprios pés quase caindo. Tinha que ser a Bru.
- Você enlouqueceu?! – Fiquei muito brava. Ouvimos um leve pigarro. Virei-me extremamente envergonhada encarando a platéia que nos observava. A sala de aula parecia um anfiteatro. Um senhor de meia idade, a Gi e o Edward estavam sentados nas primeiras fileiras. Era só o que me faltava. Fazer papel de idiota na frente de todo mundo! – Olá... – Acenei sorrindo amarelo. – Como vão? – Percebi um sutil sorriso torto por parte do Cullen e sentindo meu rosto quente de vergonha me escondi atrás do Jazz. – Faz alguma coisa! – Rumorejei cutucando suas costas.
- Melhor começar! – Falou me olhando de soslaio.
- Sim... Deixem-me apresentar... Este é o senhor Smith chefe da ala de oncologia onde eu sou voluntário... – Indicou o cinqüentão meio careca, que ajeitou os óculos na ponte do nariz.
- Olá senhores... – Sorriu agradável.
- Professor estes são Jasper Hale, Bruna... – Edward olhou para a Bru tentando lembrar seu sobrenome.
- Bruna Baker! – O senhor Smith sorriu em sua direção.
- E por último... – Edward continuou. – Isabella Swan... – Senti sua voz com uma conotação estranha, um pouco difícil de identificar. Acenei minimante para o professor.
- Isabella... A fotógrafa do jornal? – Assenti. – Você tem muito talento minha jovem. Acompanho o jornal universitário diariamente...
- Obrigada senhor... – Respondi indo até uma das mesas próximas, depositando minha bolsa em cima. De repente eu estava muito focada nas peças da minha máquina fotográfica. O que era desnecessário, pois poderia arrumá-la em segundos, mas naquele momento aquilo estava demorando mais do que deveria...
- Jazz você poderia começar as perguntas pelo professor Smith? Ele tem que voltar para o hospital... – Edward pontuou.
- Claro que sim... Podemos começar Bru? – Jasper perguntou.
- Estou sempre pronta! – Disfarcei uma olhada para eles e vi que minha amiga já estava com a filmadora a postos e todos estavam sentados. Jazz pigarreou limpando a garganta.
- Professor Smith como o senhor encara esta iniciativa dos alunos Edward Cullen e Gisele Laforet? – Meu primo começou e pude perceber como sua postura havia mudado. Ele parecia um profissional. Sorri orgulhosa e satisfeita por minha irmã ter encontrado um cara tão legal, além de ele ser da família.
- Bom senhor Hale... No inicio eu realmente fiquei surpreso. Veja bem, ninguém esperava por uma atitude tão honrada como essa... – Então o discurso começou e a cada palavra eu revirava meus olhos em descrença. O ingênuo professor acreditava na boa ação do Cullen mentiroso.
Depois de quase uma hora de perguntas, elogios e baboseiras o Jazz deu a entrevista com o professor Smith como encerrada. Eu estava reprimindo um bocejo de tédio quando fui chamada para tirar a foto.
- Acho que ficaria muito bom uma foto dos três com o Senhor Smith apertando a mão do Edward... – A Bru falou olhando criticamente para a cena. Mas que traidora! Ela tinha que dar mais crédito para ele?!
- Excelente! – Jazz exclamou. Estreitei meus olhos em direção do Cullen! Eu estava mais que raivosa.
- Fiquem naquele canto... – Indiquei a parede onde a lousa ficava. Edward parecia desconfortável, pois coçava sua nuca e eu sabia o que isso significava. Ele deveria ter vergonha na cara e admitir a droga da verdade! – O senhor Smith no meio... Sorriam! – Falei irônica olhando sugestivamente para o Edward quando estavam todos posicionados. Uma coisa eu poderei falar a favor dele... Quando o flash foi batido ele estava serio e seus olhos diziam, pelo menos para mim, que ele não merecia estar ali... – Prontinho... – Falei abaixando a câmera de meu rosto. – Querem ver como ficou? – A ofereci para eles.
- Infelizmente eu não posso senhorita... Já estou muito atrasado. Mas confio em seu talento. Foi um prazer imensurável! – Falou apertando a mão de todos nós. – Vejo vocês no hospital. – Se dirigiu a Gi e ao Edward para logo em seguida sair. Suspirei profundamente. Jazz tossiu levemente, a Bru assobiou, Edward olhava pela janela e a Gi brincava com o pingente de seu colar. Era aquele silêncio constrangedor, pois todos ali sabiam a verdade... Não tinha mais ninguém para que precisássemos mentir.
- Bom... Vamos terminar a matéria... Preciso saber a história oficial, sem contar que estamos gravando tudo... – Apontou para a Bru que piscou. Reprimi um revirar de olhos.
- Tudo bem... – O Cullen suspirou parecendo cansado. E então a farsa continuou. E cada vez mais eu pensava em como ele tinha sorte em não ser o Pinóquio, pois aquela altura seu nariz estaria saindo pela janela da sala. Hora ou outra eu tirava alguma foto, afinal era uma profissional competente. Apesar de que se aparecesse sem fotos boas seria torturada pela July... E isso ninguém iria querer...
A palhaçada já estava passando do nível tedioso quando Jazz terminou a entrevista. Sorri levemente dando graças a Deus.
- Finalmente... – Pude ouvir o Edward murmurando quando passei perto dele rumo à mesa onde estava minha bolsa. O silêncio reinava novamente, exceto pelos barulhos da Bru guardando seu equipamento e o Jazz e a Gi conversando, bem baixo, trivialidades.
Então senti um leve toque em meu ombro. Estremeci constatando quem poderia ser, pois somente ele causaria um surto de taquicardia em meu coração. Virei-me cautelosa de olhos baixos.
- Obrigado... – Sussurrou. Pude ouvir toda a sinceridade em sua voz.
- Pelo o quê? – Me fiz de desentendida, ignorando as reações de meu coração traidor. Continuava sem encará-lo temendo o mar verde que perfurava meus escudos chegando a minha alma.
- Por ter mantido a mentira... – Respondeu a minha pergunta.
- Não fiz por você! – Desdenhei.
- Eu sei que não... E isso torna seu gesto ainda mais digno... – Sua voz ganhou um tom suave e percebi admiração em sua voz. – Você colocou o seu orgulho e ódio por mim de lado para ajudar as pessoas... – Fiquei tão chocada com suas palavras que fiz a besteira de olhá-lo nos olhos. Grande erro! Ele me olhava com... Gratidão... Senti um certo peso de arrependimento tomando meu ombro e eu não deveria me sentir assim! Aquilo não era justo! Apesar de que eu havia começado com tudo...
- Eu... Eu... – Tentei falar alguma coisa, mas as palavras estavam presas em minha garganta.
- Edward? Podemos ir? – A Gi o chamou.
- Claro... – Voltou seu olhar novamente para mim. – Obrigado novamente... – Somente consegui assentir. – Até mais... – Disse e percebi que ele estava hesitante em ir embora. O pior era meu sentimento de tristeza por ele estar indo... O vi estendo uma mão e logo em seguida a colocando no bolso sem jeito. – Tchau, Bella...
- Tchau... – Sussurrei depois que ele tinha virado as costas e ido em direção a Gi. Provavelmente ele nem tinha ouvido minha resposta... Suspirei triste. Meu coração estava apertado e sentia minha respiração sufocada...
- AAAAHH! – Me assustei com o grito da Bru. – Não! Não pode ser! Isso não esta acontecendo comigo! – Ela dizia olhando para a filmadora em suas mãos.
- O que aconteceu?! – Indaguei chegando perto dela sendo seguida pelo Jasper.
- Minha vida acabou! Meu mundo esta em ruínas! Nada mais tem sentido para mim... – Falava com desespero.
- Diz o que aconteceu Bru! – Jazz disse preocupado.
- Minha câmera filmadora... E-Ela... Mo-Morreu... – Olhou para nós desamparada, quase a beira do choro.
- Como assim morreu? – Jasper perguntou.
- Ela não funciona! Parou do nada! O que eu faço agora?! Como vou viver sem ela?! – Fazia uma pergunta atrás da outra.
- Para de drama! Leva ela para alguém arrumar! Não deve ser nada demais... – Falei arrumando a alça da bolsa em meu ombro.
- Você fala isso porque sua câmera fotográfica esta perfeita! – Disse sentida. Revirei meus olhos.
- Calma Bru... Eu conheço um cara que pode arrumar sua filmadora... Vou te dar o endereço. Ele mora em um dos dormitórios aqui perto... – Jazz a tranqüilizou.
- Mas ele é de confiança? – Perguntou cautelosa.
- Totalmente! Acredite em mim! – Disse antes de escrever o endereço em um pedaço de papel e entregá-lo para ela.
- Obrigada, Jazz! Vou até lá agora mesmo! Você sim é um amigo de verdade! – Olhou feio para mim que retribui com o mesmo olhar.
- É só perguntar pelo Tommy... Ele mora sozinho. O cara é muito legal! Já me salvou de várias encrencas...
- Ok... Pode deixar! Tommy né? – Verificou o nome. Jazz assentiu. – Vou indo então... Até mais tarde...
- Até. Não esquece o jantar lá em casa... – Lembrei-a.
- Pode deixar... – Acenou sem se virar correndo para a saída.
- Piradinha... – Falei olhando para o Jazz fazendo-o rir. Então saímos os dois rindo pelas loucuras da Bru.
Bruna PDV.
Depositei minha fiel escudeira e amiga no banco do passageiro do meu carro. Tantas coisas que havíamos filmado juntas... Suspirei triste, sentindo vontade de chorar. O que iria fazer se não tivesse conserto?! Aquela câmera filmadora era muito importante para mim, pois havia sido um presente de meu pai. Um incentivo para que eu seguisse meu sonho de trabalhar na indústria cinematográfica. Olhei o endereço em minha mão antes de finalmente ligar o carro e partir. O tal de Tommy morava relativamente perto do lugar onde eu me encontrava e em poucos minutos estava estacionando em frente ao prédio de dormitórios que o papel indicava.
O lugar era tranqüilo em relação aos outros dormitórios do campus... Muito estranho. Entrei cautelosa sem saber muito bem como começar a procurar pelo tal cara e estaquei na entrada. Eu estava entrando em um mundo totalmente alienígena para mim... O mundo dos nerds! As paredes eram cobertas de pôsteres e folhetos de clubes de xadrez, laboratório, matemática, computação e muitos outros. Estiquei a cabeça tentado espiar a sala de convivência. Um grupo de... Como eu poderia definir aquelas pessoas? Todos em sua maioria usavam óculos de armações grossas e não possuíam nenhum senso de moda, pois usavam roupas coloridas, de super heróis ou coisas do tempo dos meus avôs... Totalmente bizarros! Eles estavam bastante concentrados em frente à TV, jogando algum tipo super avançado de vídeo game.
- Toma essa granada seu otário! – Um deles gritou e eu pude ouvir uma explosão muito alta.
- NÃO! Você acertou meu avatar! – Outro retrucou. – Toma essa! – Comecei a ouvir os tiros de uma metralhadora.
Arisquei mais uma olhada em volta... Nenhum sinal de garotas por ali... O que explicava bastante coisa! Dei alguns passos cautelosos adentrando mais alguns metros da grande sala. A minha direita alguns caras estavam debruçados ou escondidos atrás de pilhas de livros ou notebooks. Todos pareciam alienados e vidrados em suas atividades.
- Com licença... – Falei. Nenhuma resposta. Tentei uma leve tossida. – Olá? – Nada... – Oláaaaaa!! – Disse um pouco mais alto. Nada ainda. Meu queixo caiu. Eu estava sendo literalmente ignorada. Tinha perdido a atenção deles para computadores, livros e vídeo games! Completamente invisível! Aproximei-me do grande sofá todo rasgado onde estavam sentados e cutuquei o ombro de um deles. Era um rapaz moreno, vestindo uma camiseta do superman. Ele era um dos que estavam assistindo a partida. – Moço? – Chamei.
- Hum? – Resmungou sem tirar os olhos da tela. Reprimi a vontade de dar um tapa em sua cabeça. Pigarreei endireitando os ombros e jogando meus cabelos dos ombros. Eu não ficaria por baixo! Eles que eram anormais por não estarem me vendo!
- O Tommy está por aqui? – Perguntei entre dentes, sentindo a raiva borbulhando em meu peito!
- Nem sei... Vê no quarto dele... – Respondeu sem prestar o mínimo de atenção. Aquilo estava passando um pouco do limite! Bufei irritada e olhei o papel que o Jazz havia me dado a procura do número do quarto. Para minha sorte meu amigo tinha sido bastante específico. Virei às costas para aquele bando de esquisitos e fui até a escada que ficava logo a frente da porta de entrada. Iria achar o tal cara sozinha! Ao chegar ao final da escadaria encontrei um comprido corredor deserto e cheio de portas. Logicamente havia mais pôsteres e folhetos. Revirei meus olhos e comecei a procurar pelo quarto certo. Parei em frente ao último dormitório a esquerda. Era ali... Ajeitei meus cabelos, minha roupa e fiz minha melhor cara de boa moça antes de dar dois toques de leve na madeira da entrada.
- Pois não? – Uma voz de homem perguntou. Era uma voz forte e sedutora que fez meu corpo estremecer. Uau! Talvez ele fosse diferente dos nerds que estavam no andar de baixo...
- Eu... Eu estou procurando pelo Tommy... – Respondi sentindo um frio de expectativa para conhecer o dono daquela voz.
- Você é da policia?! – Indagou alarmado. Nossa! Em que tipo de negócio ele estava metido para perguntar se eu era policial?
- Não... – Murmurei e logo em seguida me afastei, pois comecei a ouvir vários barulhos de trancas sendo abertas e no segundo seguinte um rapaz estava a minha frente. Minha expressão desabou com a visão. Não era possível!
- Você?! – Perguntamos juntos. Perdi completamente a fala. O tal Tommy era o mesmo cara que tinha arrumado o computador da July. O mesmo cara que eu tinha discutido... Ele estava bem ali na minha frente totalmente petrificado como se tivesse visto um fantasma... Poxa! Eu não era feia para ele fazer aquela cara de medo! Estava vestido muito parecido como da última vez que o tinha visto. Parecendo meu avô...
- Tommy? – Indaguei apontando para ele somente para verificar se tinha feito a conclusão certa. Eu poderia ter errado de quarto... Ou até de prédio.
- Sim... – Respondeu. – Algumas pessoas me conhecem por esse apelido... – Passou os dedos pelo cabelo que estavam despenteados. Meu animo então foi para o chão. Era lógico que ele não iria me ajudar. Não depois de nosso pequeno desentendimento.
- Ok... Obrigada... – Falei me virando e fazendo o caminho para ir embora. Estava quase no meio do corredor quando o ouvi me chamando.
- Espera! – Olhei cautelosa para ele. – Hãm... Por que você esta aqui? – Questionou sem jeito.
- Bom... – Parei pensando se deveria contar. – Eu tive um probleminha com a minha filmadora e um amigo meu me indicou você... Mas eu não sabia que você era você... – Parei de falar tentando entender o que eu tinha dito. Tinha ficado confuso. – O que eu quero dizer... É que eu não sabia que você era o Tommy...
- Eu entendi da primeira vez... – Sorriu. Por que eu estava me sentindo tão nervosa? Era algo estranho...
- Hã... Ok... – Sorri encabulada de volta. – Mas é claro que você não vai querer me ajudar... Eu já vou indo... – Estava começando a ir embora novamente quando ele falou.
- Eu te ajudo.
- Vai me ajudar?! – Perguntei surpresa.
- Acho que vou... – Respondeu olhando para o chão. – Quer... Quer entrar? – Indicou o quarto.
- Claro... – Entrei depois dele. Impossível tentar esconder minha surpresa! Aquele era um mundo a parte. Uma bagunça tecnológica. O chão estava coberto por roupas, revistas, livros fios de todas as cores, era difícil encontrar um lugar onde pisar. A cama, que ficava embaixo da ampla e única janela, estava desarrumada com o edredom caindo parcialmente no carpete. O closet estava quase vazio, também pudera... Todas as roupas estavam no chão. Nas prateleiras havia mais livros e vários bonequinhos de brinquedo de personagens que eu nem fazia idéia de quem fossem... Mas o que realmente chamava à atenção era o móvel que ficava no canto do quarto... Era uma estante com três computadores e muitos outros aparelhos que eu nem sabia o nome. Tudo estava ligado e parecia que o Tommy ou Thomas, nem sabia mais, estava fazendo três coisas ao mesmo tempo.
- Não repara na bagunça... – Falou tentando dar uma rápida ajeitada nas coisas.
- Nem pensei nisso... – Menti olhando entretida as coisas que tinham ali a minha volta. – O que é isso? – Apontei para um boneco todo preto vestindo um capacete estranho.
- O que? – Perguntou focalizando no que eu estava mostrando. – Ah... Isso é uma réplica original do Darth Vader... – Respondeu voltando a sua arrumação.
- Ah sim... Parece mesmo... – Fingi saber de quem ele falava.
- Qual o problema mesmo? – Chamou minha atenção.
- Como assim?
- A filmadora... Você disse que ela deu algum problema...
- Sim! A filmadora... – Peguei-a em minha bolsa mostrando para ele. – Ela parou de funcionar do nada... Não sei o que aconteceu... – Falei sentindo a tristeza voltando.
- Deixe-me ver... – Ele a pegou , sentou em sua cadeira de estudos e começou a examiná-la detalhadamente com algumas ferramentas. Fiquei olhando para ele esperando por um veredito. Sentei-me na cama depois de alguns minutos de espera tamborilando os dedos no colchão. Curiosa, comecei a folhear alguns dos livros jogados ali perto que eram de computação e, em sua maioria, possuíam um vocabulário que, para mim, era de outro planeta. Não sei por quanto tempo eu fiquei ali, mas depois do meu centésimo bocejo resolvi falar com ele.
- Algum progresso?
- Como? – Olhou surpreso para mim. – Ah sim! Desculpe... Eu me distraí... Tem conserto sim...
- Aaahhh!! – Gritei. – Sério?! Nossa! Você não sabe o quanto estou aliviada! – Vibrei. – Essa filmadora é muito importante para mim!! – Corri até ele abraçando-o. – Desculpe o entusiasmo... – Falei me afastando constrangida depois que percebi o que havia feito. Ele parecia surpreso com meu gesto.
- Que isso! – Deu de ombros. – As garotas fazem isso sempre... – Olhou para o lado.
- Ah ta... – Concordei sem acreditar muito naquilo. Dei risada. – Quando ela fica pronta?
- Não sei exatamente... – Respondeu em duvida. – Mas... Se você me der o seu telefone... Eu te aviso...
- Claro! – Fui até a mesa dos computadores e peguei uma caneta e um bloco de nomes que estavam ali jogados. Anotei meu nome completo e telefone. – Prontinho! – Sorri. Olhei meu relógio me assustando com a hora, tinha ficado ali mais tempo do que deveria e nem havia notado as horas passando. – Eu tenho que ir! Você cuida dela direitinho?
- Cuido sim... – Falou sorrindo levemente.
- Ok então... – Olhei em seus olhos escondidos atrás das lentes grossas dos óculos. Eram azuis! Constatei surpresa. Ele pigarreou.
- Algum problema? – Questionou cauteloso.
- Não... Nenhum... – O que estava acontecendo comigo? Eu realmente estava encarando ele daquele jeito?! – Eu vou indo... Tchau... – Acenei sem jeito.
- Até mais...
- Até! – Sai apressada e um pouco confusa. O que tinha acabado de acontecer ali?
[Continua...]
*Agradecimentos*
E esse foi mais um capítulo... Foram quase 6 meses, 168 dias, 4032 horas, 241920 minutos e tantos outros segundos de total e completo atraso. Estou em falta com todas vocês... Quantas desculpas eu tenho... Completariam uma lista interminável!! Sabem quando vocês se programam, fazem de tudo para que alguma coisa corra de forma certa, mas sempre dá algo errado porque no final das contas aquela coisa não depende totalmente dos seus esforços? Durante todo esse tempo sem postar um capítulo novo esse tipo se situação aconteceu muito comigo!! Eu me planejava, e quando chegava a H, algo acontecia e o capítulo sempre ia ficando para depois... Oh God!! SEIS MESES! E sabem qual é o pior de tudo??!! Eu não consegui terminá-lo!! Eu tinha tanto para colocar a mais... Por este motivo o capítulo foi dividido em duas partes... Eu não poderia fazer vocês esperarem por mais tempo...
Para quem ainda não sabe, eu estou cursando meu último ano de faculdade de Enfermagem, ou seja, estou fazendo estágio... Passo meus dias da semana e alguns fins de semana entre hospitais, maternidades e postos de saúde. Minha vida não poderia estar mais corrida... São horas da madrugada acordada, pilhas quilométricas de livros, folhas pautadas, canetas gastas, roupas brancas, tênis gasto, horas de leitura, quilômetros de caminhada, muitos ônibus, horas de espera, broncas, elogios, risadas, lágrimas, enfrentamento da morte, nascimento de uma nova vida, superação, felicidades, cuidados, olhares de gratidão, sorrisos de cumplicidade, orientações, dores nas costas, quilos de livros na mochila, simplicidade, medo... É um ritmo totalmente frenético!! Mas totalmente satisfatório e magnífico, porque não existe nada melhor na vida de alguém do que estar fazendo aquilo que ela mais gosta e disso eu não tenho do que reclamar. Eu agradeço todos os dias por ter tido a chance de escolher algo que eu goste, o cuidar das pessoas...
Peço desculpas pela demora e reforço a fato de que NUNCA DESISTIREI DE SOMETHING CHANGED, porque assim como a enfermagem é uma parte de mim, escrever também é. A única coisa que lhes peço é que tenham paciência comigo, eu sei o quanto é chato esperar e querer saber o que vai acontecer na história, mas eu estou fazendo todo o possível e impossível para seguir adiante...
Um enorme beijo no coração de todas vocês que lêem e acompanham minha fic, todas vocês são muito importantes para mim...
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Beijos,
KK Gramacho.
"O SONHO..."
ROUPAS DA ALICE E TELIIH
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